📍 Por Falando da Notícia
Aos 52 anos, Carlos Almeida, ex-gerente comercial de uma grande empresa, viu-se diante de um cenário que jamais imaginou enfrentar: o desemprego prolongado. Com mais de três décadas de experiência e um currículo robusto, acreditava que sua recolocação seria rápida. Mas após meses enviando currículos sem resposta e ouvindo frases como “seu perfil não se encaixava na nossa cultura”, veja que o problema não era sua qualificação – era sua idade.
Carlos não está sozinho. No Brasil, profissionais com mais de 50 anos enfrentam uma barreira silenciosa e, muitas vezes, invisível: o etarismo no mercado de trabalho. Embora as empresas falem em diversidade e inclusão, a longevidade profissional ainda é vista como um desafio, e não como uma vantagem.
O PARADOXO DA EXPERIÊNCIA
Os números não mentem: segundo dados do IBGE, a taxa de desemprego entre pessoas acima dos 50 anos tem crescido nos últimos anos. Apesar de serem profissionais com vasta experiência e maturidade emocional, muitos enfrentam dificuldades na recolocação. O principal motivo? O preconceito velado de que um profissional mais velho tem menos capacidade de adaptação, menos familiaridade com tecnologia e custos trabalhistas mais elevados.
A lógica, no entanto, não se sustenta. Estudos demonstram que equipes multigeracionais são mais produtivas e inovadoras, já que possuem a energia e a criatividade dos jovens com a experiência e a estabilidade dos mais velhos.
EMPREENDEDORISMO E REQUALIFICAÇÃO: SAÍDAS POSSÍVEIS?
Diante desse cenário, muitos profissionais buscam caminhos alternativos. O empreendedorismo tem sido uma escolha crescente para trabalhadores com mais de 50 anos, que utilizam sua bagagem profissional para abrir negócios próprios, atuar como consultores ou até investir em carreiras autônomas.
Outros optam pela requalificação profissional, aprendendo novas habilidades e se adaptando às demandas do mercado digital. “Eu preciso voltar a estudar, fazer cursos online e aprender a usar redes sociais para divulgar meu trabalho”, conta Sandra Costa, 55 anos, que após ser demitida de uma agência de publicidade, se reinventou como freelancer na área de marketing digital.
O QUE AS EMPRESAS ESTÃO FAZENDO PARA MUDAR ESSE CENÁRIO?
Apesar do desafio, algumas empresas começam a perceber o valor da diversidade etária. Programas específicos para talentos com mais de 50 anos surgiram nos últimos anos, oferecendo oportunidades para profissionais mais velhos. Empresas como Magazine Luiza e Natura, por exemplo, já desenvolvem iniciativas para reter e contratar profissionais com mais de 50 anos.
UM NOVO OLHAR SOBRE O FUTURO DO TRABALHO
Se a expectativa de vida aumenta e as pessoas estão cada vez mais ativas após os 50, faz sentido que o mercado de trabalho ainda as veja como ultrapassadas? Com o avanço da tecnologia e o surgimento de novas formas de trabalho, como o modelo híbrido e o home office, há espaço para que os profissionais mais velhos se mantenham produtivos e ativos por mais tempo.
A mudança, no entanto, exige um esforço conjunto: das empresas, que necessitam de paradigmas quebrados, e dos profissionais, que devem se adaptar às novas demandas. Como resume Carlos Almeida, que após dois anos de busca encontrou uma recolocação como consultor: "A experiência sempre será um diferencial. O que precisamos é de oportunidades para mostrá-la".
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