Pelo quarto mês consecutivo, a taxa média de juros das concessões de crédito no Brasil declarou uma queda, revelando um cenário mais favorável para tomadores de empréstimos. As estatísticas divulgadas pelo Banco Central nesta terça-feira (7) apontam que a taxa de juros, considerando recursos livres e direcionados, caiu 30,5% ao ano em setembro, o que representa uma redução de 0,2 ponto percentual em relação ao mês anterior.
Esse movimento de queda nas taxas de juros tem sido consistente, com o pico de 32,3% ao ano registado em maio deste ano. No entanto, a variação anual ainda aponta um aumento de 1,5 ponto percentual nos juros. É importante notar que essa queda ocorre paralelamente à redução da taxa básica de juros da economia, a Selic, que tem sido aplicada como parte das políticas de controle da inflação pelo Banco Central.
O comportamento das taxas de juros acontece em meio a um cenário econômico dinâmico, com o aumento da inflação na segunda metade do ano. Em resposta a esse cenário, o Banco Central impediu a Selic para 12,25% ao ano, com expectativas de mais cortes nos próximos meses, embora o comitê de política monetária tenha indicado que pode ajustar o ritmo dos cortes se necessário.
No ano passado, o Banco Central havia elevado a Selic por 12 vezes consecutivas, em um ciclo de juros monetários devido a fatores como a alta dos preços de alimentos e combustíveis. A manutenção dessas altas por um ano levou a taxa a 13,75% ao ano. No entanto, agora, a expectativa é de que a Selic chegue ao ano em 11,75%.
Essa redução na taxa básica de juros também tem impacto no custo do crédito para os consumidores, tornando empréstimos e financiamentos mais acessíveis. Em setembro, a taxa de captação dos bancos, ou seja, o custo pelo crédito, caiu para 9,3%.
Os juros mais baixos reduzidos para controlar a inflação, uma vez que controlam o consumo, ou que por sua vez ajudam a controlar os preços. Além disso, o crédito mais barato estimula a atividade econômica, impulsionando o investimento e o consumo.
Crédito livre e cartão de crédito
No que diz respeito ao crédito livre para famílias, a taxa média de juros chegou a 57,3% ao ano em setembro, com uma redução de 0,5 ponto percentual em relação a agosto. Isso foi resultado da redução nas taxas médias de modalidades de empréstimos.
Um destaque notável é o cartão de crédito para pessoas físicas, com uma taxa de juros média de 101,4% ao ano, proporcionando uma redução de 0,1 ponto percentual no mês. No entanto, em comparação com o ano anterior, houve um aumento de 12,2 pontos percentuais.
No caso do crédito rotativo do cartão de crédito, que é quando o consumidor não paga o valor integral da fatura e precisa refinanciar o saldo, houve uma redução de 4,4 pontos percentuais em setembro, embora a taxa de juros permaneça alta em 441, 1% ao ano.
Essa modalidade de crédito tem sido objeto de atenção por regulamentações recentes. Em outubro, foi sancionada uma lei limitando os juros do crédito rotativo, o que deve trazer alívio para os consumidores.
Empréstimos e desafios econômicos
Em relação às concessões de crédito, em setembro, houve um aumento de 0,5% para pessoas físicas e 3,8% para empresas. Esse crescimento foi mais lento do que o observado em agosto, refletindo a manutenção prolongada das altas taxas de juros e uma desaceleração econômica.
Atualmente, o estoque total de empréstimos concedidos pelos bancos no Sistema Financeiro Nacional (SFN) alcançou R$ 5,575 trilhões, representando um aumento de 0,8% em relação a julho. O crescimento deve ser um aumento de 1,6% nas operações de crédito pactuadas com empresas e um incremento de 0,3% nas operações com pessoas físicas.
No entanto, é importante notar que o crescimento anual do crédito total desacelerou, atingindo 8% em setembro, em comparação com 9% em agosto. Os estoques de crédito para pessoas jurídicas e pessoas físicas também desaceleraram em relação ao ano anterior, com expansões de 4,4% e 5%, respectivamente.
O ambiente econômico em constante mudança e as taxas de juros em queda representam um cenário desafiador e imprevisível para o mercado de crédito, à medida que os analistas buscam compreender as dinâmicas em jogo e prever o comportamento futuro.
Endividamento e inadimplência
A inadimplência, que considera atrasos superiores a 90 dias, manteve-se relativamente estável, registando 3,5% em setembro. Nas operações com pessoas físicas, a inadimplência foi de 4%, enquanto para pessoas jurídicas foi de 2,7%.
O repartimento das famílias atingiu 48% em agosto, um aumento de 0,2 ponto percentual no mês, mas com uma redução de 1,7% em relação ao ano anterior. Excluindo o financiamento imobiliário, que é uma parte significativa do financiamento, esse índice atingiu 30,4% no nono mês do ano.
O comprometimento da renda, que se refere à relação entre o pagamento das dívidas e a renda média, foi de 27,5% em agosto, com uma redução de 0,1 ponto percentual em relação ao mês anterior. Os táxons evoluíram estáveis em relação ao ano anterior.
Esses indicadores apontam que, apesar do cenário de quedas nas taxas de juros e aumento no crédito, os consumidores e as empresas mantiveram a sua responsabilidade no cumprimento das suas obrigações financeiras.
O ambiente econômico continua a evoluir, e as condições econômicas futuras podem influenciar o comportamento do mercado de crédito, tornando-o um espaço de atenção e análise constantes para analistas e economistas.
Com informações da Agência Brasil
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