Entrevista Completa
FG – Olá, Esther!. Obrigado por aceitar nosso convite e compartilhar sua experiência e visão conosco.
Esther Emili – Olá! Eu que agradeço a oportunidade de conversar sobre inclusão e acessibilidade. Fico feliz em poder contribuir com esse diálogo tão importante.
FG – Como você define, em poucas palavras, a sua jornada profissional até este momento? Olhando para seus 27 anos na Educação Inclusiva e a fundação da Sinclus, qual é o fio condutor, a palavra que melhor resume sua trajetória?
Esther Emili – Eu defino minha trajetória como uma história de compromisso em ajudar as pessoas e a dar uma qualidade de vida melhor para os PCD e pessoas neurodivergentes. E posso dizer que a palavra que define a minha trajetória é o amor ao próximo e a vontade de lutar para que pcd , neurodivergentes e pessoas típicas possam se autorrespeitar e viver em harmonia tanto no ambiente de trabalho como na vida cotidiana.
FG -A Sinclus trabalha o treinamento em Habilidades Interpessoais e Comportamentais ao lado da Acessibilidade. Para você, onde reside a “mágica” desse combo? Qual desses pilares você sente que toca mais profundamente a vida das pessoas e gera a transformação mais visível nas empresas clientes?
Esther Emili – A Sinclus trabalha com seus profissionais pcd e neurodivergentes, assim como pessoas típicas trabalhando em harmonia e se respeitando e gerando produtividade para a Sinclus e demais empresas que prestamos serviços e o que mais gera impacto nas empresas é a mudança da qualidade de vida dos funcionários que passam a trabalhar melhor em equipe gerando mais produtividade para as empresas pois a Sinclus que o verdadeiro sentido da inclusão é ter as pessoas se respeitando, compreendendo as limitações do próximo, e dessa forma pessoas típicas e atípicas podem crescer e trabalhar juntas para o bem da empresa . Por isso nossos cursos voltados a inclusão e acessibilidade são os que mais geram impacto as pessoas pois ensinamos nesses cursos uma forma de pessoas típicas e atípicas se conhecerem melhor gerando uma qualidade de vida melhor para os funcionários da empresa.
FG – O problema da alta rotatividade de PCDs e neurodivergentes é uma dor real. Quando uma empresa recorre à Sinclus, o que ela realmente leva além do treinamento? Conte-nos uma pequena história ou exemplo de como o Suporte Psicoeducacional e Profissional de vocês conseguiram evitar que um colaborador saísse do emprego.
Esther Emili – Na Sinclus, procuro unir a imagem da empresa à minha história de vida. Eu tenho TOC, sou pessoa com deficiência intelectual e física devido a uma fraqueza muscular causada pelo fato de ter ficado em coma por mais de dois meses em 2025. As pessoas se espelham em mim, na minha trajetória, nas minhas lutas vencidas, nas minhas palavras humildes de amor ao próximo e no fato de eu ser guerreira e nunca desistir de uma boa batalha em favor do outro.
O problema da alta rotatividade está relacionado aos baixos salários pagos aos PCDs; alguns salários nem são tão baixos, mas, quando comparamos, vemos que são menores que os salários de pessoas típicas. Isso, infelizmente, não posso mudar. O que posso modificar e transformar para melhor é a cultura da empresa e de seus funcionários, oferecendo cursos em que ensino o que é inclusão, acessibilidade e outros temas que os colaboradores da Sinclus abordam em suas palestras.
Essa dor real que as empresas enfrentam é resultado da insatisfação de seus funcionários por não terem um lugar de destaque dentro da organização, da falta de informação sobre suas dificuldades cognitivas entre colegas de trabalho e outros fatores. Apesar da lei de cotas favorecer as contratações, muitas empresas preferem não contratar e pagar multa. Todos esses aspectos geram insatisfação no emprego, tristeza e desconforto no ambiente de trabalho, diminuindo a qualidade de vida da equipe e dos funcionários PCD.
As pessoas adoecem psicologicamente, o que acaba afetando o corpo. A empresa passa a ter funcionários insatisfeitos, que deixam seus empregos, e é necessário contratar outro PCD para ocupar a vaga ociosa. Contudo, o problema persiste, pois as pessoas continuam infelizes. A Sinclus percebeu isso ao longo do tempo de atuação no mercado e passou a desenvolver soluções e cursos de desenvolvimento psicoeducacional e psicológico, para que as pessoas se tornem mais felizes, tenham mais autoconhecimento e entendam as limitações do próximo.
Recentemente, buscamos parcerias que complementassem nossos serviços e encontramos, na empresa Teia da Vida, algo que potencializaria nossa metodologia. Estamos em processo de assinatura de uma nova parceria que trará grandes frutos de riqueza pessoal para a equipe da Sinclus e para as pessoas atendidas por nós. Agora, somos Sinclus e Teia da Vida, com uma metodologia completa que ensina que o sentido da inclusão está no trabalho de pessoas típicas e atípicas em equipe, respeitando-se mutuamente, compreendendo as limitações do próximo e ajudando-se uns aos outros, envolvidas no maravilhoso poder do amor-próprio e ao próximo. Isso ajuda as pessoas a se tornarem melhores, gerando felicidade, respeito e amizades genuínas.
Pessoas felizes trabalhando juntas geram mais prosperidade e produtividade para as empresas. Estando satisfeitas com o ambiente de trabalho, não abandonam o emprego, trabalham com alegria e, apesar das dificuldades impostas pela cultura organizacional, conseguem transformá-la, tornando seus gestores mais humanos e respeitando seus subordinados. Essa transformação começa dentro de cada funcionário, que busca satisfação em sua vida profissional e pessoal. O colaborador que entende o sentido da inclusão se envolve no poder do amor ao próximo, torna-se mais feliz, compreendido pelos colegas, e gera uma qualidade de vida muito melhor para si e para o grupo.
Essa qualidade de vida dentro das empresas gera mais produtividade e, num ambiente repleto de amor-próprio e ao próximo, evidencia-se uma maior qualidade de vida coletiva, diminuindo a rotatividade. As empresas recorrem à Sinclus para reduzir a rotatividade de seus funcionários PCD e neurodivergentes e para aumentar a produtividade entre pessoas típicas e atípicas, que, devido à incompreensão, não sabem trabalhar em equipe, gerando atitudes capacitistas no ambiente de trabalho. Nós chegamos levando uma palavra de apoio e ensinando o verdadeiro sentido da inclusão e como obter melhor qualidade de vida. Não basta fazer exercícios ou leituras, é preciso respeito, amor e compreensão ao próximo, e é isso que estimulamos em nossas dinâmicas, unindo pessoas neurodivergentes, PCD e típicas em grupos promissores e inclusivos de trabalho em equipe, unidos pelo amor e respeito ao próximo.
Dei um curso no Núcleo de Apoio Municipal aos Munícipes com Necessidades Especiais (NAMME) de Eusébio, uma escola que ajuda pessoas típicas e atípicas a trabalharem em equipe, onde realizei um trabalho maravilhoso de autoconhecimento, melhora da autoestima e do significado do amor ao próximo. Foram criadas muitas amizades verdadeiras; conquistei o respeito dos alunos, familiares, amigos e professores, fazendo ainda mais diferença através do meu trabalho. Dei algumas palestras em empresas e escolas e pude perceber o poder das palavras. Como educadora, levei o sentido da educação inclusiva aplicada à realidade das empresas, demonstrando que existe uma força maior que a insatisfação e a tristeza. Essa força une as pessoas, faz com que trabalhem em equipe, respeitem-se e vivam em harmonia.
Tenho muitos exemplos, mas o que mais me alegra é ter ajudado um aluno autista da Universidade Federal do Ceará (UFC), orientado por mim, a fazer amizades no ambiente de trabalho, alcançar melhor qualidade de vida no restaurante onde trabalha e compreender, junto com seus colegas típicos, o valor da amizade e do amor. Ele se desenvolveu como pessoa, entendeu suas limitações e o restaurante, em Fortaleza, tornou-se um lugar mais harmonioso e inclusivo. Hoje, a maior parte dos funcionários se tornaram pessoas melhores, e ele é um multiplicador da minha metodologia de amor e respeito ao próximo. Consegui melhorar uma pequena empresa, a vida de uma pessoa autista e o ambiente de trabalho dela com minhas palavras humildes. Sei que, treinando minha equipe, posso impactar grandes empresas, pois as palavras direcionadas ao coração, com temas de inclusão e explicações fundamentadas, são um aprendizado riquíssimo de autoconhecimento.
FG- Seus treinamentos ajudam as empresas a cumprirem a Lei de Cotas. Mas como vocês garantem, na prática, que o treinamento não seja apenas “para cumprir a lei”, mas sim uma semente para uma cultura de inclusão verdadeira e duradoura na organização?
Esther Emili – A empresa é gerida por pessoas e eu tocando seus corações, gero uma mudança que se espelha na sua cultura e na mentalidade e vida de todos os seus funcionários. E agora além de treinamento estou ingressando no mercado de recrutamento e seleção inclusiva. E além de oferecer os meus treinamentos e os treinamentos em parceria com a empresa Teia da Vida vou poder enviar para o mercado de trabalho o candidato certo para a vaga certa de acordo com o seu perfil comportamental e profissional. E garantir emprego com a supervisão e orientação de acessibilidade da Sinclus vão poder ter um emprego de acordo com o seu perfil e em empresas aptas a recebê-los. E agora a Sinclus está completa pois assim podemos garantir a qualidade de vida, o engajamento e um melhor trabalho em equipe, além de todo o respeito entre os funcionários das empresas que nos contratarem, além de recrutamento e seleção inclusiva para chances de conseguir uma vaga para as pessoas atípicas em empresas aptas para recebê-los com a ajuda e supervisão da Sinclus.
FG – A Sinclus está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no (ODS) importantes como a Educação de Qualidade e a Redução das Desigualdades. Qual é o seu sonho em relação ao impacto social? Se pudesse ver a Sinclus daqui a 10 anos, que “novo cenário” social ela teria ajudado a construir?
Esther Emili – O meu sonho em relação ao impacto social é diminuir as desigualdades sociais entre PCD , neurodivergentes e pessoas típicas. E ter uma mudança significativa na cultura de muitas empresas. E daqui a 10 anos eu vejo a Sinclus como um exemplo de empresa que diminui as desigualdades sociais e proporciona uma qualidade de vida melhor as pessoas. E um exemplo em matéria de recrutamento e inclusão um exemplo a ser seguido. E quando os gestores pensarem em um bom treinamento e contratar um a empresa de Rh inclusivo lembrarão de chamar primeiro a Sinclus .
FG – De que forma a Sinclus está se preparando para garantir que seus treinamentos de auxiliem as empresas a estarem em conformidade com os requisitos da NR-01 no que tange à adaptação do ambiente e à segurança dos colaboradores PCDs e neurodivergentes?
Esther Emili – Os funcionários da Sinclus cada vez mais estuam sobre acessibilidade e como aplicá-la dentro do espaço físico das empresas tornando o ambiente de trabalho adequado tanto para um autista tanto pra um cego como pra surdos e deficientes físicos. Ou com qualquer deficiência ou neurodivergencia . Ou necessariamente de suporte específico aplicando e ensinando o uso de tecnologias assistivas para as empresas
FG – Há algum plano para incluir dentro do catálogo de cursos algum relacionado a empreendedorismo já que empreender se tornou um dos grandes objetivos das gerações mais novas?
Esther Emili- Sim eu planejo incluir esse curso e ensinar o endoempreendedorismo dentro das empresas, assim como práticas e significados para um curso básico e um avançado para ensinar a novos empreendedores a investir no seu sucesso profissional com vendas de produtos ou serviços.
FG – Ser CEO e fundadora de uma startup socioambiental exige resiliência. O que te move, pessoalmente, a continuar lutando e trabalhando para que mais PCDs e neurodivergentes sejam incluídos, mesmo diante das dificuldades do empreendedorismo?
Esther Emili- O que me move é sempre me moveu é a minha vontade de ajudar as pessoas e fazer a diferença entre os funcionários típicos e atípicos dentro de uma empresa gerando qualidade de vida e satisfação no ambiente de trabalho.
Encerramos esta entrevista com profunda gratidão à Esther Emili por compartilhar sua trajetória inspiradora, marcada pelo compromisso, amor ao próximo e pela luta incansável pela inclusão verdadeira. O exemplo de Esther e da Sinclus evidencia que o respeito, o autoconhecimento e o trabalho em equipe são os pilares para uma transformação duradoura nas empresas e na sociedade.
Aos nossos leitores, deixamos o convite para refletirem sobre o papel de cada um na construção de ambientes mais inclusivos e humanos, onde todos possam prosperar, respeitando as diferenças e valorizando o potencial único de cada indivíduo. Que possamos, juntos, cultivar espaços de trabalho e convivência baseados na empatia, no respeito e na colaboração, transformando desafios em oportunidades para um futuro mais justo e acolhedor para todos.
Entrevista concedida via Whatsapp.
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